Contatos imediatos de primeiríssimo grau

Se tem uma coisa que estou adorando na Índia são as pessoas. Elas são naturalmente afetuosas, intensas e curiosas, especialmente em relação a estrangeiros. Adoram puxar papo, frequentemente pedem para tirar fotos com você, dão bebês no seu colo para segurar, te convidam para a casa deles (e o convite é verdadeiro, não como o nosso, que muitas vezes não significa nada).

Meu único dilema  é como diferenciar as aproximações bem intencionadas de um possível assédio, porque infelizmente você nunca sabe o que tanta afetuosidade quer dizer. Assim como no Brasil, pode ter jeitinho e esquema por trás de um sorriso “sincero”.

Com famílias, mulheres e crianças é tudo mais fácil, e essa interação vem rendendo ótimas experiências. Mas com homens fica sempre um ponto de interrogação. Por mais que você esteja com cara de poucos amigos – “Why are you angry?”, ouvi um dia na rua -, as abordagens aparecem e nunca sei como agir.

Já aconteceu de garotos puxarem assunto simplesmente porque adoram turistas. Já aconteceu de um estudante me acompanhar por 15 minutos na rua porque queria praticar inglês. Já aconteceu de homens insistirem na conversa porque queriam vender algo (isso você só descobre depois de 10 minutos). Já aconteceu de rapazes puxarem papo e pedirem fotos com você com objetivos desconhecidos.

Por via das dúvidas, acabo sendo meio rude, mas depois fico com peso na consciência pensando que poderiam ser boas pessoas. Enfim, parece que é a sina que vai me acompanhar pelo resto da viagem.