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Ainda no esquema corra que a viagem vem aí (RIP Leslie), percebi ontem que as transações monetárias do próximo ano foram relegadas ao esquecimento. Isso faltando duas semanas para o desembarque em Delhi. Risos.

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O bom de ser só mais um blog de viagem é que o assunto já foi esquadrinhado pelos papas da categoria. Um dos que confio de olhos semicerrados é o viajante profissional Ricardo Freire. Dá uma olhada no strike que ele faz sobre o assunto em apenas um post.

Nas férias, eu sempre levava a dupla extorsiva dinheiro vivo/cartão de crédito por pura preguiça de pensar. Dessa vez, tomei vergonha na cara e montei o seguinte esquema: cartão vinculado à conta do banco só no débito + segundo cartão de outro banco/bandeira só no crédito + cartão pré-pago + dinheiro. O foco está no cartão do banco ativado para saque/débito no exterior, como o Freire recomenda aqui. Meu banco também esclareceu melhor como funciona essa história (itens 7 a 11).

A inteligência recomendou levar cartão pré-pago, desses VTM e Cash Passport, com bandeira diferente do cartão do banco caso este dê zica. O bom é que os pré-pagos podem ser recarregados já no exterior, quando o aperto se aproxima, com saldo em 24 horas. (Atualização em 1 de outubro: acabei de descobrir que o pré-pago só tem vantagem se for usado na moeda dele (dólar, euro ou libra, por exemplo). Com as moedas da Ásia, cada transação da moeda local  para dólar é sobretaxada entre 3% e 5,5%. No banco , a taxa é de 1%. Quer dizer, o pré vai ficar mais para apoio mesmo. Outra descoberta: taxa de saque no pré-pago 2,5 dólares; taxa de saque no BB 12 reais).

Deixei o cartão de crédito assassino do IOF para compras online e emergências em lojas e caixas eletrônicos. O dinheiro em cash ficou para o dia a dia da rua.

Próximo!


Seguro-viagem, a missão (1)

401 k / Creative Commons

401 k / Creative Commons

Depois de dias penando entre números e tabelas, chego à primeira parte deste post. Porque ficar solto no mundo é maravilhoso, exceto quando nossa saúde está em jogo.

Primeiramente, queria falar da dificuldade de encontrar informações completas e atualizadas sobre seguros de viagem. Percebi que alguns blogs especializados têm limitações publicitárias, enquanto outros acabam orçando poucas opções. Como considero esse assunto dos mais sérios, achei melhor fazer uma varredura no mercado antes de decidir.

Já disse aqui que o seguro-viagem pode ser dividido em duas categorias. Donos de cartões de crédito poderosos, desses black e platinum, têm pré-cobertura. Pelo que entendi, dá para ativar o seguro por determinado tempo, desde que as passagens tenham sido adquiridas com o cartão. Não olhei detidamente o assunto porque não me encaixo nas regras, mas vale a pena contar com essa opção se for seu caso.

O outro caminho é contratar diretamente com as empresas de seguro. Devemos partir do pressuposto que ninguém está fazendo caridade.  Esse é um negócio como qualquer outro, com a exceção que envolve vidas. Nos sites de defesa do consumidor, percebi que grande parte das reclamações iam de encontro a itens previstos nos contratos. Então vale investir horas lendo e relendo cada linha, anotando e comparando, para evitar surpresas depois.

O resumo é que cada empresa tem suas vantagens e desvantagens, dependendo do perfil do viajante. Outro ponto é que não dá para se guiar apenas pelo preço. Claro que ele também é importante e foi um dos fatores decisivos, mas tem outras coisas que precisam ser consideradas, como limites de cobertura e serviços oferecidos.

Continua no próximo post.


Oi, remédios!

Bota tudo no carrinho, moço. (KB 35 / Creative Commons)

Bota tudo no carrinho, moço. (KB 35 / Creative Commons)

Quase não tomo remédio –  fui criada na homeopatia, beijo mãe. Ainda assim, confesso que não viajaria tranquila sem uma farmacinha de respeito.

Não sou favorável à automedicação e vou acionar o seguro saúde sempre que necessário. Mas e na hora que não tiver médico? E na hora que não tiver farmácia? E na hora que tiver os dois, mas ficar cabreira de tomar algo desconhecido?

Para chegar a essa lista super completa que divido aqui, acionei médicos e tive a consultoria de luxo da minha irmã farmacêutica, beijo Maira. Como vou passar um ano non-stop na Ásia, achamos melhor sobrar que faltar, mas dependendo da duração da viagem e do destino, dá para cortar várias coisas (até porque essa precaução toda ficou meio cara).

1) Antibióticos (precisam de receita médica)
Infecção urinária e aparelho reprodutor. Ativo: cloridrato de ciprofloxacina. Uma caixa grande: R$ 199
Infecção de garganta e aparelho respiratório. Ativo: azitromicina diidrato. Uma caixa: R$ 15
Infeção intestinal. Ativo: cloranfenicol. Duas caixas: R$ 55
Amplo espectro.  Ativo: cefalexina monoidratada. Uma caixa: R$ 65

2) Antifúngico. Ativo: fluconazol. Uma caixa: R$ 80

3) Anti-inflamatórios
Dor de cabeça: (aquele de confiança) Vidrinho de 20 ml R$ 9,45
Dor muscular forte: (aquele de confiança) Uma caixa: R$ 7,50
Para associar com antialérgico em crise de alergia. Ativo: prednisona. Uma caixa: R$ 15
Dor de garganta ou no corpo. Ativo: meloxicam. Uma caixa: R$ 39,78
Antitérmico e anti gripal: (aquele de confiança) Vidrinho 20 ml R$ 15,63

4) Antialérgico: (aquele de confiança). Uma caixa: R$ 20

5) Antiácidos: Sal de fruta (seis envelopes R$ 8,50) e Pastilhas (R$ 19,35 a caixa). Para melhorar queimação constante: Ativo: omeprazol. Uma caixa: R$ 15

6) Antidiarreico: (aquele de confiança) Três caixas R$ 18

7) Restaurador de flora intestinal: (aquele de confiança) Três caixas R$ 75

8) Antiemético: (aquele de confiança) Uma caixa: R$ 6,50

9) Creme para irritações na pele: Uma bisnaga R$ 18

10) Pomada cicatrizante anti-infecção: Uma bisnaga R$ 10

11) Antisséptico: Um vidrinho 30 ml R$ R$ 9

12) Dor de garganta leve: Spray de própolis R$ 12

13) Repelente (com alto fator de proteção para evitar malária): R$ 28

14) Curativos e algodão

p.s.: posso mandar a lista completa com as marcas por e-mail, só pedir.


Também sou geek

Minha Índia em alfinetes!

Minha Índia em alfinetes!

Confesso que geralmente só lembro como a tecnologia é útil na hora do aperto. Aí é xingar o modem que não funciona. Esculhambar o email que não abre. Jogar na parede o telefone sem sinal.

Só que hoje estou aqui para agradecer publicamente os srs. Page e Brin (ainda meio magoada com o assassinato do Google Reader, confesso). O Google Maps Engine Lite, lançado este ano, está salvando a pátria sabática. Achei o esquema especialmente útil quando você tem muitos destinos e não sabe exatamente a proximidade e a direção de cada um deles.

Sabe o Google Maps? Agora pensa um Google Maps que você pode salvar seus destinos com alfinetes e importar dados, criando formas, camadas, linhas com cores variadas, enfim. Um mapa inteirinho para você rabiscar e desrabiscar como quiser, de grátis.

Fim.


Amo voar, gente

Falei aqui esses dias que queria viajar por terra e ironizei os aeroportos, né? Pois bem, que o castigo veio a jato.

Minha jornada pela Índia começa na região dos Himalaias. Depois de alguns dias em Delhi, vou para o extremo norte do país em direção a Leh, capital da região do Ladakh, que dizem ser o Tibet indiano. Tinha ouvido falar de uma estrada de tirar o fôlego que chega até lá saindo de Manali, uma estação turística pop no norte da Índia. Estrada cênica? Opa, aqui mesmo!

Fila indiana (literalmente) na beira do despenhadeiro.  (Jace / Creative Commons)

Fila indiana (literalmente) na beira do despenhadeiro. (Jace / Creative Commons)

Pesquisa vai, pesquisa vem, descubro que o título de estrada superlinda vem associado ao de superperigosa. Na verdade, ela passa a maior parte do ano fechada por causa do mau tempo (que começa justamente em outubro). Além disso, é uma minhoquinha estreita que vai cortando montanhas altíssimas, e se algum carro quebra ou tem acidente, bom, meu amigo, esteja pronto para acampar na estrada e perder dois dias de viagem.

Você pode perguntar: ué, cadê o espírito aventureiro? Minha parca experiência indica que só os perrengues totalmente imprevisíveis estão de ótimo tamanho para a coleção. Já fiquei presa em uma vilinha do interior do Peru por causa de estrada ruim, e depois de uma tentativa frustrada de chegar a Machu Picchu e de quase rolar Andes abaixo com um desabamento, só digo que beijei o chão de Cuzco quando consegui voltar sã e salva.

Abro o Skyscanner e vejo que tem um vôo de hora e pouco entre Delhi e Leh. Aeroporto lindo, também te amo, esquece tudo aquilo lá <3


RTW? No, thanks

Viajar é se deslocar. E infelizmente, o direito de ir e vir não é tão livre quanto pregam as democracias mundiais. O jeito, minha gente, é  dar uma boa olhada no que o mercado oferece.

A primeira solução que me ocorreu foi o tal bilhete RTW, Round The World para os não iniciados. Empresas aéreas fizeram alianças para materializar o fetiche dos aventureiros, oferecendo tíquetes sequenciais para uma volta ao mundo completa. As vantagens alardeadas são a possibilidade de deixar tudo esquematizado antes de sair de casa e economias significativas no final.

Eu bem queria escrever um post funcional sobre esse esquema, mas olha, não deu não. Mal comecei a simular e já fiquei afogada no meio de tantas regras. Ai gente, peraí, o que eles vendem mesmo? Deixar tudo esquematizado? Ih, mas era isso mesmo que eu não queria. Ok, existe uma certa flexibilidade para alterar datas, mas sempre tem regras/taxas para mudar os destinos.

No meu caso tinha outro fator importante, chamado milhas acumuladas. Sou dessas que participam de todos os programas possíveis para juntar pontos em companhias aéreas. Somando cartão de crédito, posto de gasolina, loja de roupa, loja de livros, loja de cosméticos e umas viagens por aí, estava com mais de 50 mil milhas em meados deste ano. Opa, justo a conta para emitir um bilhete só de ida para Delhi.

Também pesou a vontade de viajar por terra sempre que possível. Tenho essa coisa que um país se revela melhor quando topamos seguir o fluxo sem muita frescura. E aquela sensação que aeroportos são sempre uma tentativa de padronizar o mundo. Not this time, thanks.

Hong Kong? Chicago? Berlim? Sei lá, tudo meio igual. (Nicola / Creative Commons)

Hong Kong? Chicago? Berlim? Sei lá, tudo meio igual. (Nicola / Creative Commons)


Mochilagem de luxo

Sabe aquela imagem de que mochileiro é aquele povo meio sem eira nem beira que fica zanzando por aí?

Sou rico! (Qole Pejorian / Creative Commons)

Sou rico! (Qole Pejorian / Creative Commons)

Esquece. Porque olha, é um investimento viu. Estava repassando as recentes aquisições e o que ainda precisa ser comprado e confesso que os valores ficaram longe da ideia de que para viajar basta ~espírito aventureiro~.

Imagina que você vai carregar seu guarda roupa nas costas por um ano. Ele tem que ser leve, funcional, resistente. E o mercado dessa parafernalha tecnológica é tão sedutor quanto extorsivo aos pobres bolsos andarilhos.

Calça anti-UV que vira short? R$ 180. Meia de lã de merino (?) que evita bolhas? R$ 78 o par. Mochilão resistente com milhões de compartimentos? R$ 600. Bota impermeável com sistema anti-fatigue? R$ 450. Casaco corta vento e corta chuva com capuz estruturado? R$ 300. Conjunto de segunda pele térmica com íons de prata que evitam odores indesejáveis pelo uso contínuo? R$ 220.

Quando fechar toda a bagagem, divido por aqui e aproveito para abrir um crowdfunding. Enquanto isso, eis o link do ótimo post do E se fôssemos para, que me guiou lindamente nessa etapa do que levar. O pessoal já está há meses na estrada e sabe direitinho o que funciona e o que não funciona, coisa maravilhosa.

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p.s.: tinha falado em um post anterior que não conhecia loja de apetrechos para mochileiros em Brasília. Pois achei a Ibiti  (311 norte, subsolo do Bloco E). Tem muita coisa bacana, mas os preços, bom, são esses aí de cima.


Finanças e a arte de ser conservadora

(Kevin Dooley / Creative Commons)

(Kevin Dooley / Creative Commons)

Todos querem saber como vou me manter durante a viagem. Juro que queria apresentar tabelas, gráficos e fórmulas mágicas de gastos e economias, mas confesso que não sou parâmetro para quem começou o planejamento financeiro meses antes de ir.

Como já devem ter percebido, a vontade de passar um tempo fora não é um surto que surgiu do nada. Sempre insisti nisso, e dadas as negativas frequentes dos meus pais, adotei o clássico: “Quando tiver meu dinheiro, eu vou”. Acabou que esses vetos lá de casa tiveram um ótimo efeito pedagógico. Criei senso de responsabilidade para ir economizando desde cedo, sem precisar me privar de nada que era fundamental.

Outra característica que me exclui de possíveis referências é a paranoia conservadora que tenho em relação a dinheiro. Muitos viajantes acham bem ok guardar uma quantia mínima e depois se virar, passando perrengue se necessário. Eu já sou dessas que precisam de um bom colchão de reserva para ficar tranquila, inclusive para manter tudo sob controle na volta.

Mas a boa notícia é que a Ásia é um continente muito barato. A Rachel Verano, jornalista tarimbadíssima de turismo e lifestyle e autora do delicioso blog I’m In Asia Now (inspiração-mor para essa viagem sair do papel), disse que o gasto para duas pessoas, incluídos os deslocamentos internos, não passou de 1500 euros por mês. “Uma amiga fez a volta ao mundo sozinha num esquema bem mochilão e fez cálculos de US$ 1.000 por mês, em média”, completou, em uma das mensagens que trocamos.

Animados?


A tortura da logística

Um ano de viagem. Tempo de sobra para ver muita coisa, né? Hm, nem tanto.

Como vocês já devem ter percebido no roteiro, são 16 países em 12 meses, uma conta apertada de menos de um país por mês.  A situação dá uma aliviada porque a passagem vai ser mais rápida em alguns lugares. Butão e Maldivas, cujos custos são super altos, vão receber menos de uma semana. Cingapura, que é menorzinha, também deve demandar bem menos de um mês.

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Por outro lado, países de dimensões continentais, como Índia e China, são um desafio logístico a parte. Só para a Índia foram reservados três meses. Parecia mais que suficiente até começar a marcar no mapa as cidades/pontos de interesse.

Cheguei a um assombroso número de 64, uma média de 1,4 dia por cidade (!!!). Junte isso à tentativa de encaixar deslocamento geográfico com os períodos de festivais e ao quebra-cabeça para minimizar os riscos de segurança, e você chega a uma pessoa que já não tem unhas para roer há um bom tempo.

A conclusão é que alguma coisa vai ficar para trás, mas aí vem a tortura de pesar o que é mais importante quando tudo parece merecer uma visita, “já que vai estar lá mesmo”. E eis mais uma reflexão para o capítulo de que viagem e relaxamento nem sempre caminham juntos.