Coragem

“Nossa, como você é corajosa” é das frases mais ouvidas dos últimos tempos.

Acho graça, porque uma coisa que eu definitivamente não sou é corajosa. Tenho medo de sangue, de esportes radicais, de bandido, de rato, da morte. Na verdade, o maior ato de coragem, se é que houve algum, foi sair do comodismo e lidar com a opinião das pessoas.

Desde que decidi viajar, não passei por momentos de frio na barriga que antecedem uma atitude corajosa. Nunca me perguntei: “Ai, será?”. Tenho a tese que as pessoas veem risco não pela possibilidade de perigo real, e sim por temerem sair da zona de conforto para conviver com o que não conhecem (até porque o Brasil está longe de ser a tranquilidade em forma de país).

Seria então por ir sozinha? Também não consigo ver a coragem aí. A paz de estar consigo mesmo não é ato de bravura, e sim uma concepção de vida. Sempre achei que estar com outras pessoas é uma soma que devemos buscar, e não pré-condição de sobrevivência ou de felicidade.

Sinceramente? Vejo muito mais coragem nas pessoas que decidem se casar e firmar um compromisso para a vida toda nesse mundo tão capenga de amor. Nas pessoas que decidem ter filhos para criá-los e educá-los nessa realidade cada dia mas complicada.

O resto, não tem nada de coragem não, só o curso da vida mesmo.