Mulherite fail
Publicado; 04/10/2013 Arquivado em: Pré-viagem 5 ComentáriosMesmo entre a mulherada que vibra com a ideia da viagem, tem aquelas que ficam compadecidas ao pensar na vaidade quase nulificada durante o período asiático. Me perguntam como vai ser um ano com um saco de roupa encardida, sem salto, sem decote, sem batom vermelho, sem manicure. Sem uma tarde insana no shopping.
O armário é a preocupação que pavimenta a identidade feminina. Mas eu, sei lá. Fico meio zonza em shopping e evito consumismo desenfreado. Nunca comprei uma coisa da qual tenha me arrependido. Manicure toda semana, diria que mais pela demanda social. Meu lado mulherzinha se revela na maquiagem, e isso, ainda bem, cabe na mala.
Hoje, durante as últimas compras antes da viagem, fiquei aliviada por saber que não vou precisar repetir aquilo tão cedo. Enquanto alguns enxergam prisão em forma de mochila, eu vejo a liberdade de poder optar todo dia pelo básico.
Videomaker wannabe
Publicado; 03/10/2013 Arquivado em: Pré-viagem | Tags: Action Cameras, Contour, Drift, GoPro, Sony Action Cam, Vídeos do Mochilão 2 ComentáriosAntes que alguns leitores pedissem vídeos da mochilada, eu já tinha pensado nessa hipótese com algumas notas mentais. 1) Não sou profissional da área, mas quebro um galho (Vai Vendo! feelings) 2) Desconheço as tecnologias atuais; 3) O equipamento teria que ser barato, de ótima qualidade, leve, indestrutível 4) Estarei sozinha, o que faz de qualquer take um aparente surto psicótico.
Mas aí eu cismei que poderia dar certo e passei os últimos dias paranoica com o assunto. Concluí de início que precisava de uma action camera. Pequena, indestrutível, sim elas são. Mas embora todas filmem em Full HD, sempre tem um probleminha. As famosetes são a GoPro, Sony Action Cam, Contour e Drift (dá uma olhada neste vídeo comparativo entre elas, produzido pelo ultraconfiável Gizmodo. Não esqueça de ativar o HD logo abaixo da tela!).
Apesar de queridíssima, a GoPro Hero 3 tinha suas questões: a versão que vale a pena é a mais cara (Black Edition), e a captação de som é ruim, para não dizer péssima. Contour e Drift perderiam por pouco para a GoPro. E a Sony tem um som maravilhoso, mas que some totalmente assim que a câmera entra na carapaça de proteção que deve andar sempre com ela (!). Também tem boa resolução, mas a imagem apresenta cores supersaturadas e um azul smurf para tudo (virei geek dos vídeos, veja bem).
Para agravar a situação, GoPro e Sony ACABARAM DE LANÇAR seus modelitos melhorados: a Hero 3+ e a HDR-AS30V. Quando digo acabaram de lançar, digo nesta semana. E claro que eles ainda não chegaram ao Brasil. E claro que eu já viajo na próxima quarta. E claro que tenho conhecido passeando nos EUA que poderia trazer a finalista para mim a tempo, mas os Correios de greve não podem fazer o caminho entre o interior de SP e Brasília.
Pensei seriamente em arriscar com o Iphone 5 e seja o que Deus quiser. A qualidade é limitada, a liberdade é limitada, não tem antitrepidação, não tenho tripé ou outro suporte para ajudar em alguma coisa que seja. Mas é o que temos para hoje.
p.s.: para quem não sabe, Vai Vendo! foi meu projeto de conclusão de curso da faculdade sobre cultura alternativa em Brasília nos anos 2000. Sem vergonha na cara e sem edição póstuma aqui).
Driblando o autocentrismo*
Publicado; 02/10/2013 Arquivado em: Pré-viagem 4 ComentáriosTinha acabado de chegar da Bolívia/Peru. A vontade de passar um tempo fora voltou forte, mas com uma forma diferente. Nenhum dos destinos primeiromundistas amados por nós brasileiros fazia sentido. Não queria conforto, não queria desenvolvimento. Uma realidade desconhecida chamava, mas não sabia onde procurar.
Na passagem pelos vizinhos, fiquei surpresa por encontrar pouquíssimos brasileiros, em contraste com muitos estrangeiros de todas as partes. Os latinos adoravam me provocar dizendo que éramos um país autocentrista*, geográfica e culturalmente de costas para eles. Pensando bem, de costas para o mundo que não inclua Europa e Estados Unidos.
Um dia, voando entre um trabalho e outro, peguei a revista de bordo e a resposta estava lá, nas páginas que desdobravam a reportagem de capa. Sabe aquela hora que acende um holofote de certeza na sua direção? Isso.
p.s.: meu planejador online de viagem acaba de mandar um email com os seguintes dizeres.
aimeudeus, uma semana.
*não gosto de mudar termos usados por outras pessoas para deixar o texto politicamente correto: o que foi dito, foi dito, com sua carga e tudo. Também não gosto de mexer em aspas para “melhorar” a frase pelo mesmo motivo. Por outro lado, não quero ofender quem quer que seja, então o termo asteriscado foi adaptado do original.
Tá e não tá
Publicado; 01/10/2013 Arquivado em: Pré-viagem 2 ComentáriosQuando alguém me pergunta se está tudo certo para a viagem, fico sem saber o que responder. “Tá e não tá”, arrisco, deixando o interlocutor satisfeito com tamanho esclarecimento.
Em geral, sou daquelas xiitas com planejamento. Para desespero de quem gosta de relaxar andando a esmo nas férias, só consigo chegar em algum lugar com tudo meio esquematizado (se possível, até os mapas já vão meio meio decorados). A-M-O guias. Isso acontece porque não costumo repetir destinos e tento maximizar o aproveitamento do esquálido período de férias.
Freak dos guias
Dessa vez, tive que adaptar esse espírito metódico para sobreviver ao ano sem surtar. Fiz um planejamento macro de todo o mochilão, com a média de tempo que pretendo passar em cada país e o rumo que vou seguir.
O planejamento médio, com a ordem das cidades, transporte e possíveis hospedagens, só tenho para os primeiros meses. Os meses seguintes vão sendo programados de lá, aos poucos, sucessivamente. Uma regra que criei nessa etapa foi destacar logo de início os festivais e eventos imperdíveis com data marcada, reservando hotéis e passagens com antecedência. Nos demais destinos, costumo separar entre duas e três opções de hospedagem próximas para dar uma olhada na hora. Albergue é assim, tem que bater o santo.
O planejamento micro, com as atrações de cada lugar, vai ser relembrado nos dias anteriores à visita, com o guia na mão, entre um trem e outro.
O anti-post
Publicado; 30/09/2013 Arquivado em: Pré-viagem Deixe um comentárioQuem assina a Mundolândia por email recebeu hoje o aviso de um post que não está mais aqui – sofreu autocensura.
Amanhã tem mais.
Raízes
Publicado; 29/09/2013 Arquivado em: Pré-viagem 16 ComentáriosMesmo depois de 10 anos em Brasília, sempre que alguém me pergunta de onde sou, não tenho dúvidas: Fernandópolis, onde vivi dos 3 aos 17 anos. Mantenho o sotaque puxado, não transferi meu título de eleitor, não troquei a placa do carro. Não mudei o jeito meio bronco, direto, de gargalhada alta, ainda que o ambiente exija modos – em Brasília, toda aparências, quase sempre.
Quando pequena, meus avós moravam em uma chácara nas cercanias, o meu Sítio do Pica Pau Amarelo. Me empoleirava no tronco da goiabeira, corria atrás das galinhas, fazia expedições nas plantações e no pasto. Aí veio a adolescência, outras prioridades, a mudança para Brasília. Meus avós voltaram para a cidade.
Depois de adiar mais que devia, ontem voltei lá. Foi uma lufada de emoções passar pela estrada de terra onde tantas vezes andamos de bicicleta. Avistar o riozinho onde descíamos para pegar argila. Sentir o cheiro de terra, pasto e fogão de lenha. Rever os amigos do sítio vizinho cuja maior riqueza é a simplicidade.
Nós até podemos sair do interior, vestir personagens, desbravar o mundo. Mas o interior, ainda bem, não sai da gente.
Uma historinha
Publicado; 28/09/2013 Arquivado em: Pré-viagem 8 ComentáriosQuando cheguei, ela já estava lá. A copa apertada do albergue ecoava o riso alto e a conversa desinteressada daqueles que certamente passavam pelos melhores momentos da vida. Bebiam, comiam, falavam, flertavam. E ela continuava no canto, observando tudo com um olhar de quem já sabe. Era o peixe exótico do aquário.
Atraída por aquela figura e incomodada com o excesso de juventude à minha volta, fui até lá. O rosto enrugado, emoldurado pelo cabelo branco curtinho, sorriu convidativo. “Deve ser funcionária do hostel”, pensei, “monitorando se alguém vai sair por Florença com uma jarra de vinho debaixo do braço”.
Tinha aquele sotaque britânico que eu amo. A senhora de quase 80 anos, na verdade, era hóspede. Queria viajar o mundo, mas passou a vida com o marido em Wales. Quando ele morreu (suspiro de saudade), não pensou que estava tarde demais para seguir seus sonhos.
Metalinguagem
Publicado; 27/09/2013 Arquivado em: Pré-viagem 5 ComentáriosHá um mês, minha releitura da Quadrilha drummondiana chegava por aqui. E com ela, a Mundolândia.
A idéia do blog veio quase junto com a da viagem, mas aí fiquei meio sei lá. Afinal, aonde alguém ainda não foi? O que ainda não foi dito? Vivo uma relação tensa com a overdose de informações repetidas/insignificantes que brotam por aí. Mesmo quando o conteúdo é indiscutivelmente bom, dou uma caetaneada ao pensar no global e me pergunto quem lê tanta notícia.
Aí lembrei que, quando escolhi jornalismo, queria achar histórias onde ninguém procurava. Queria dias para apurar, horas para escrever. Só fui saber depois que esses eram itens de luxo no hard news online de Brasília. E pelo menos aqui neste espaço, pelo menos neste ano, eu poderia colocar essa visão boba e romantizada em prática.
Sobre o fato de ser mais uma, lembrei que mesmo com a enxurrada de ótimos canais de moda/consumo, meu preferido é aquele blog despretensioso da menina que ficou um ano sem comprar (alô Joanna!). Ok, tem muitos sites incríveis de viagem por aí, mas eu não quero ser incrível não. Só escrever minhas coisas mesmo.
E ainda tem o contato amplo e permanente com os amigos que torceram para essa viagem sair do papel. E quem sabe até uma ajuda para quem chegar precisando de algo.
Vai Mundolândia! ser solta na vida.
$$$$$$$
Publicado; 26/09/2013 Arquivado em: Pré-viagem | Tags: Cash Passport, Gastos de viagem, Planejamento de viagem, VTM 12 ComentáriosAinda no esquema corra que a viagem vem aí (RIP Leslie), percebi ontem que as transações monetárias do próximo ano foram relegadas ao esquecimento. Isso faltando duas semanas para o desembarque em Delhi. Risos.
O bom de ser só mais um blog de viagem é que o assunto já foi esquadrinhado pelos papas da categoria. Um dos que confio de olhos semicerrados é o viajante profissional Ricardo Freire. Dá uma olhada no strike que ele faz sobre o assunto em apenas um post.
Nas férias, eu sempre levava a dupla extorsiva dinheiro vivo/cartão de crédito por pura preguiça de pensar. Dessa vez, tomei vergonha na cara e montei o seguinte esquema: cartão vinculado à conta do banco só no débito + segundo cartão de outro banco/bandeira só no crédito + cartão pré-pago + dinheiro. O foco está no cartão do banco ativado para saque/débito no exterior, como o Freire recomenda aqui. Meu banco também esclareceu melhor como funciona essa história (itens 7 a 11).
A inteligência recomendou levar cartão pré-pago, desses VTM e Cash Passport, com bandeira diferente do cartão do banco caso este dê zica. O bom é que os pré-pagos podem ser recarregados já no exterior, quando o aperto se aproxima, com saldo em 24 horas. (Atualização em 1 de outubro: acabei de descobrir que o pré-pago só tem vantagem se for usado na moeda dele (dólar, euro ou libra, por exemplo). Com as moedas da Ásia, cada transação da moeda local para dólar é sobretaxada entre 3% e 5,5%. No banco , a taxa é de 1%. Quer dizer, o pré vai ficar mais para apoio mesmo. Outra descoberta: taxa de saque no pré-pago 2,5 dólares; taxa de saque no BB 12 reais).
Deixei o cartão de crédito assassino do IOF para compras online e emergências em lojas e caixas eletrônicos. O dinheiro em cash ficou para o dia a dia da rua.
Próximo!
Implacável
Publicado; 25/09/2013 Arquivado em: Pré-viagem 12 ComentáriosDevo sofrer de algum lapso temporal. Tenho certeza de que minha mente enxerga o tempo como um conceito elástico – veja bem, justamente das coisas mais inexoráveis dessa vida.
Sou do tipo que acha que dá para fazer mil atividades em dez minutos. Se tenho algo marcado dali a alguns dias, está sempre muito longe ainda. E me surpreendo, de ficar espantada mesmo, quando concebo que a véspera chegou.
Guardadas as devidas proporções, hoje me veio esse susto da véspera. A véspera das duas semanas. Quando postei que faltava um mês, estava bem calma, ainda tinha muito tempo para resolver questões práticas e emocionais. Mas agora são apenas 15 diazinhos para dormir e acordar no Brasil. Daqui a duas quartas-feiras, a essa hora, já estarei no avião.
Feliz? Diria apreensiva.