Não vou ao Butão (13 razões)

Por enquanto, só esse.

Por enquanto, só esse.

Decidi só ontem, mas esse conflito desistencial vem me atormentando desde a volta do trekking pela região do Annapurna. Visto nepalês expirando, precisava correr com a burocracia butanesa (1), só que não conseguia sair do lugar. Os porquês foram aparecendo quando o automartírio se rendeu à racionalização dos motivos mais que óbvios.

Para entrar no Butão, só com agência de viagem (2) – manobra que, no meu brado eterno por independência, nunca precisei usar até aqui. Aí vem a dificuldade de tentar achar uma empresa (autorizada pelo governo de lá 3) que combine com você (4), afinal de contas, seu Butão vai ser o que eles decidirem mostrar. E você vai estar sozinha com seu guia e motorista 24 horas por dia (5), sem liberdade de ir e vir (6) e sem ninguém para pelo menos rir da situação caso o pato queime no forno (7).

Considerando que esquema ruim é o que não tem faltado nessa viagem, “por que não arriscar” seria a solução mais justa com o país mais feliz do mundo. Mas errar pagando 20 reais na Índia, ok. Queimando 250 dólares por dia no Butão, a coisa muda (8). Não desisto. Disparo vários e-mails para tentar me animar com os prós facilitadores que só uma agência pode oferecer, mas quê respostas (9)?

Dado o preço padrão Maldivas, sabia há muito que a programação no Butão teria que ser rápida, três a quatro dias no máximo (10). Pesquisando o que isso significa na vida real, percebi que desceria no aeroporto no primeiro dia, passaria voando pelas duas principais cidades, e voltaria para o aeroporto no quarto dia. Toda uma logística e gastos para dois dias completos nas áreas mais urbanizadas do país que é considerado o último Shangri-lá do planeta Terra. Hmm (11).

Aí que estava justamente procurando quantos dias seriam necessários para esse Butão fast food quando o Google denuncia entre os primeiros resultados: 5 reasons why Bhutan is *NOT* worth the $200 per day tourist fee. Resumindo, o cara afirma que o Butão é um Nepal restritivo com preços inflacionados e paisagens não tão legais (12). Ei péra, eu estive no Nepal no ultimo mês vivenciando a liberdade absoluta em cenários fantásticos, às vezes sem nem precisar pagar pela acomodação. A partir daí, meu cérebro não permitiu que essa questão ilógica fosse adiante.

Por último, mas não menos importante, Annapurna acabou com a minha sanha por montanhas, trekkings e vilarejos no momento (13).

Amanhã: Bangkok, Tailândia.

***

p.s.: sinto que essa despedida pode não ser definitiva. Quando a vontade de montanha voltar tento retomar o flerte – resta saber se ele ainda vai me querer.

 


Um alô dos Himalaias!

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Eu não sei nem por onde começar a descrever tudo o que aconteceu desde o dia 12 de fevereiro, quando comecei o trekking de 16 dias pelo circuito do Annapurna.

Como essa é a primeira comunicação com o mundo desde o dia 1, e a conexão não é aquela beleza, vou resumir: tem sido uma das experiências mais sensacionais dessa viagem. E digo isso não apenas pelas paisagens incríveis entre as montanhas absolutamente empinadas dos Himalaias, mas principalmente pela enorme quantidade de pequenas vilas pelo caminho e a possibilidade de submergir em uma realidade tão tão distante da nossa, em um mundo onde internet e telefone não fazem a mínima diferença.

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Mas depois explico isso melhor.
Hoje está um lindo dia ensolarado de céu azulíssimo e preciso aproveitar para continuar viagem depois de ficar dois dias presa em uma vila esperando uma nevasca daquelas passar.

Aos afoitos de plantão, bom saber que aqui quem manda é a natureza.

ps: aos amigos preocupados com segurança, fiquem tranquilos que não estou no time dos afoitos e as trilhas não são perigosas. Ah, e nunca estou sozinha, sempre tem gente pelo caminho!

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Brasiuiuiuiu

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Índia, Sri Lanka, Maldivas, Nepal… Todo mundo só quer saber do nosso futebol.

Quando o pessoal da Ásia pergunta de onde sou, um grande sorriso é o invariável efeito da resposta Brasil (isso quando não entendem Belgium e fazem cara de “tá”).

Eles não sorriem porque somos uma potência sul-americana (“Fica na África?”).

Eles não sorriem porque nossa economia está em trote e a classe média enlarguece a perder de vista.

Eles não sorriem porque conhecem Michel Teló, Tropa de Elite, Dilma.

Eles não sorriem porque aparecemos muito por aqui para gastar nossos reais.

As palavras eufóricas que seguem a revelação são: FOOTBALL! RONALDÔ! KAKA! PELÉ! Sempre, sempre sempre.

(Um garçom do resort das Maldivas, que é do Bangladesh, quase desconjuntou minha mão de tanto sacudir quando descobriu que sou brasileira. Confidenciou que o garoto dele chora de emoção toda vez que nossa seleção entra em campo).

Se já era entusiasta do esporte, fico cada dia mais abismada com o poder doutrinador de uma simples bola no pé (no nosso pé, que fique bem claro).  Aqui a expressão “país do futebol” não é clichê-marketing.

20140212-153028.jpgA viagem só acaba em novembro, mas no dia 12 de junho, tenho passagem para casa. Aqui e no Bangladesh, não conteremos a emoção diante da TV.

#vaibrasil

p.s.: justiça seja feita, a Argentina é tão ou mais lembrada por esse mesmo motivo. Messi é quase uma religião, Neymar sequer é citado.

p.s.: com esse post nacionalzão, lembro a chegada do quarto mês longe de casa. Mas a casa vai comigo, ah vai.

 


Amnésia

Hoje acordei meio sei lá. Ninguém para conversar. Ninguém para falar bom dia (em português) depois de quatro meses.

Estou em Pokhara, o Nepal turistão (mas os turistas ainda não chegaram direito, só em março). Festa esvaziada, todo mundo ansioso para chegar logo. Mas eu, que estou aqui agora, fico ansiosa sem saber porquê.

Saio para caminhar, vozes femininas chamam de uma ruela afastada. O cenário atrás da cortina improvisada é ainda melhor que a promessa: mulheres entre a meia-idade e nenhum dente na boca estão em algum tipo de evento só para elas. Cantando e rindo, as senhoras sentadas no chão tocam tambores e sinos e entoam músicas que parecem sempre as mesmas, mas considerando as reações diferentes da plateia, não são. As roupas parecem de festa, estilo sari indiano, mas com toque local com as trouxas amarradas na cabeça. No meio da roda tem sempre alguém dançando e não pude negar quando me convidaram. Ninguém falava inglês e nem entendi direito onde estava. Passei um bom tempo ali, batendo palmas e sorrindo, sem coragem de fotografar um evento tão intimo e estragar nossa relação recém-nascida.

Segui meu caminho rumo ao topo, e na descida do templo, todas as crianças que saiam da escola me faziam sorrir com um “rariú” (e nem eram de Recife, I do love cafusu <3). Mais um pouco, quatro pequenos em um terreno baldio insistiram, irresistivelmente, para que eu me juntasse a eles no jogo de peteca/tênis que eu nunca lembro o nome e que eu nunca tinha tentado antes de hoje.

Já esqueci o começo deste post.


Para que ano fomos, Doc Brown?

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A tal mini-praça, o tal templo, a tal mulher de xale.

O Nepal vai bem, mas não esse que você está pensando.

Em algum momento criamos a imagem de um país tranquilíssimo nas montanhas encrustadas de monastérios budistas. Pois 80% da população é hindu, e considerando a capital, tranquilidade é um conceito que não se aplica (ainda que o ritmo esteja longe de uma metrópole convencional).

Se Delhi era o choque desconcertante entre pobreza e luxo, Kathmandu é a convulsão temporal encarnada. Me esforcei para lembrar que estou em 2014 enquanto caminhava pelas empoeiradas ruelas que desembocam em mini-praças medievais. Nos pés dos templos, mulheres enroladas em xales passam o dia acocoradas junto às mercadorias expostas em lonas e sacos, os legumes e verduras pesados na balança de mão. Nos açougues, as carnes são exibidas em balcões que dão para a rua, o cheiro de sangue invadindo a calçada.

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Em harmonia com a arquitetura dos templos, as rústicas habitações de três a cinco andares nas sobrelojas são ornamentadas com janelas esculpidas em madeira. Perambular pelos pátios internos formados pelos prédios é ser transportado para uma outra época, onde a água do poço é bombeada manualmente e as crianças brincam na rua.

A noite chega e quase não há iluminação pública. O breu completo é quebrado por feixes esquálidos de luz que vazam das lojas equipadas com minigeradores ou um gato bem puxado. Muitos estabelecimentos só contam com luz de velas.

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Reasseguro estar no Século 21 enquanto caminho pelos bairros mais novos salpicados de shoppings e de estabelecimentos ocidentalizados. Na área dos mochileiros, rapazes de franja lambida da moda vendem jaquetas North Face para turistas despreparados. Guardas passam o dia empenhados em domar o trânsito nas ruas por onde passam carros e ônibus, e os rios tentam arrumar um espacinho para fluir entre a enorme quantidade de lixo.

Kathmandu parece um pássaro que precisa sair do ovo que já não comporta a vida lá de fora. Mas aí o pássaro não sabe viver de outro jeito (ou prefere esse mesmo) e vai ficando até quando der, a casca toda rachada deixando entrar o novo, para o bem ou para o mal.

****

p.s.: sabe o Sri Lanka? Finalmente carreguei todos os álbuns aqui!


Ponderando

Desembarquei em Malé com vaga ideia do que seria uma ilha habitada. Uma semana depois, concluo que Maafushi é as Maldivas para todos, mas também  para poucos.

Os amantes da estética se desapontariam com a relativa economia de enquadramentos cênicos. Os exclusivos agonizariam no papel de meros figurantes da vida local, que corre as ruas de areia em motos sem capacete e relaxa preguiçosa em cadeiras de corda. Os insones se esbugalhariam ao acordar diariamente às 5h com os cânticos entoados nos autofalantes das mesquitas. Os ambientalistas sangrariam verde com a quantidade de lixo acumulada em algumas partes da ilha, sem aparente solução. Os medrosos tremilicariam ao dividir espaço com o único presídio local. Os fanfarrões pensariam duas vezes antes de pisar em uma ilha onde não é permitida venda de álcool.  Os exibidos se indignariam com a restrição do biquíni a apenas uma praia pequetita, cercada por um biombo.

Mas Maafushi também é a ilha de quem acha que luxo mesmo é poder visitar as Maldivas para ontem, sem mais delongas financeiras. É a ilha dos amantes da simplicidade, que não gostam da sensação meio incômoda do serviçal sempre à disposição. É a ilha dos admiradores da realidade bruta: a garrafinha de água que você ajudou a tomar está ali boiando e alguém precisa fazer alguma coisa. É a ilha de quem acha tão incrível dividir o mar com mulheres de burca que nem se lembra do fato de estar vestida. É a ilha de quem regozija ao pagar justo, e onde é possível jogar pelada com os habitantes e ganhar florzinha da dupla de meninas que estão sempre na frente do mesmo portão. É a ilha para quem não hesitaria em trocar o mergulho na piscina privativa do quarto superdeluxe pelo banho em uma nova cultura.

E você? Qual?

***

p.s.: Com essa, termino a temporada no reino paradisíaco tropical e parto rumo a um mês no teto do mundo, vulgo Nepal. Diz que vai ter até trekking de 16 dias. A conferir.

p.s.1: se perdeu? Me segue no mapa!


O mar e eu

Ele

Ele

Desde pequena sonho, vez ou outra, que estou voando. Um impulso no chão e ganho o ar transparente, o corpo leve, enquanto a vida passa curiosa lá embaixo. Pernas e braços soltos, sou levada pelas correntes de ar até a manhã seguinte, na incômoda paralisia dos limites humanos.

Paralisia, no meu caso, também psicológica. Sou daquelas telúricas convictas, que entra em pânico só de pensar na possibilidade de despencar de um paraquedas ou de planar em um parapente. Já me acovardei diante de uma tirolesa. Então imaginem minha surpresa ao ver esse delírio onírico voador acontecendo sem aviso bem diante dos meus olhos.

Antes de tudo, esclareço que sempre fui refratária à ideia de mergulhar. A diferença é que, aqui nas Maldivas, não precisa de curso, ou do asfixiante tubo de oxigênio, ou de preocupar se dá pé – essas coisas que fazem refugar os amantes de terra firme. O mar turquesa sem ondas salpicado de corais e de peixes coloridos rodeia cada ilha, na profundidade de uma cintura. Estava fácil: emprestei a máscara/snorkel da pousada e, quando dei por mim, já tinha residido uma hora e meia no mundo subaquático nas cercanias de Maafushi. Tempo só lembrado pela dor nos dedos completamente enrugados.

Empolgada com a descoberta, arrisquei um coral em mar aberto no dia seguinte. Aos poucos, a adrenalina com o salto do barco foi dando espaço à serenidade hipnótica de ouvir apenas a própria respiração, enquanto a visão se abobalhava com o mar – cristalino perto do coral, deep blue logo ali na frente.

Depois de um bom tempo entretida com peixes dançarinos comedores de corais, pepinos do mar molengas e tudo mais que mora lá embaixo, prestei atenção em mim mesma. Os braços e pernas soltos flutuando na corrente transparente. Corpo leve, observando o mundo curioso lá embaixo. O déjà vu veio acompanhado de um enorme sorriso mental (porque se sorrisse de verdade entrava água pelo snorkel).

Eu estava voando no mar das Maldivas.

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p.s.: quando tinha 14 anos tive uma breve experiência com snorkel em Angra dos Reis. Experiência que colaborou para o meu refugo aquático desde então.


Maldivas para gente normal

O famoso guardanapo esboçado em Goa. Alguém aí lembrou do filme A Praia?

O famoso guardanapo esboçado em Goa. Alguém aí lembrou do filme A Praia?

Nunca pensei, concretamente, que um dia estaria nas Maldivas. No máximo, sonhei estar aqui quando tivesse cacife suficiente para achar que 10 mil dólares em uma diária seria bom negócio – vulgo nunca (mesmo com o dinheiro suficiente).

Só que tinha essa viagem, e estaria mais perto do arquipélago que jamais pensei na vida. Lembrei do tissunami de 2004 e do filme que meu amigo trabalhou, sobre um presidente lutando para que seu país não naufrague com os efeitos do aquecimento global. Lembrei que eu mesma posso cair dura amanhã. E aí já estava com a passagem em mãos.

Desde então, me desafiei a encontrar a falha no sistema, as Maldivas pagáveis. O plano começou a ganhar forma quando conheci, no balcão de um bar em Goa, um casal maldivense mochileiro. Entre um drinque e outro, eles detalharam em um guardanapo as ilhas onde era possível ficar por uma pechincha. Nunca ouviu falar disso? É que esses empreendimentos só ganharam corpo em 2010, quando o governo autorizou turismo nas ilhas habitadas pelos locais.

A conclusão é que dá para vir em um esquema totalmente independente, mas ciente de que você paga pelo que você tem. No lugar do speedboat de US$ 200, pegue o ferry público de US$ 1,5. No lugar da ilha isolada, fique na ilha habitada, onde é possível ter acesso ao famoso mar turquesa com uma imersão bem vinda na cultura local. No lugar do resort de US$ 1 mil, fique na pousada estalando de nova por US$ 40.

E se como eu, você sentiria uma dorzinha no coração por estar tão perto do luxo e não poder desfrutar, a parte boa é que até nisso dá-se um jeito. As ilhas habitadas oferecem daytrips para os resortões cinco estrelas por um preço até 10 vezes menor que seria investido em uma diária. Você vai em um idílico passeio de barco, almoça, faz massagem, desfruta da piscina, posta a riqueza no Face com cara de rico… e volta para o aconchego do lar no fim do dia, feliz por poupar US$ 900 na brincadeira.

Venham!


Três semanas

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Três semanas pareciam pouco.

Mas quando voltei a Colombo, uma onda invadiu a alma com recordações tão diversas que nem pareciam de logo ali.

Lembrei da bebê da vila de pescadores que veio no meu colo sem pestanejar, as dobrinhas em evidência porque ali não precisa de roupa. Lembrei do senhor da estação que ficou apenado ao descobrir que eu ainda não tinha jantado às 23h. E sabendo que eu começaria a escalar mais de 5 mil degraus ainda aquela noite, me deu o seu pacote de bolacha recheio limão já começado. E me comprou um café quando eu já estava cochilando sentada no chão do trem.

Lembrei dos policiais de Kandy e do refrigerante amarelo de aniversário. Da dona da pousada em Ella que buscava seus hóspedes na rua para fazer decolar a pousada, sonhando trazer seu marido de volta da longa temporada de trabalho no Qatar.  Do guia que disse que mais de 40 pessoas morreram naquele parque, bem naquelas ruínas onde ficava o bangalô, no tissunami de 2004.

Lembrei do velhinho em Tangalle que, ao trazer cada tigela de curry de dentro da casa, sorria mostrando o único dente. Da velhinha que, disputando espaço com a minha mochila no ônibus em Colombo, me fez anotar o telefone dela para que a visitasse no dia seguinte. Lembrei do motorista de tuktuk em Nuwara Eliya teorizando que a tremedeira da estrada esburacada era quase igual massagem, same same.

Lembrei dos outros viajantes. Quando parece que já deu a cota de gente boa pelo caminho, lá vem eles de novo.

****

A partir de hoje, uma semana nas Maldivas on a budget! (seja lá o que isso signifique)


Sri Lanka + comida

Só hoje, entre monótonas garfadas de arroz frito com vegetais , biscoito oleoso e ketchup, percebi que malemá comentei sobre a comida do Sri Lanka. Interessante que o antifeito resulta mais de falta de motivação que de esquecimento. Por que sabe aquela atração culinária típica imperdível? Aqui, hm… não, especialmente para vegetarianos.

Sri Lanka e Índia têm duas semelhanças marcantes no menu: comida com curries e temperos e uma substanciosa herança chinesa. Todo restaurante local, em ambos os países, tem arroz e macarrão frito, por exemplo.

Sobre a comida típica sinhalesa, alguns “destaques”:

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Cheese roti

Roti –ainda que com o mesmo nome do primo indiano, o esquema daqui parece bem diferente: o pão é elástico, usado mais como um crepe para envolver recheio (vegetais, ovo, queijo, peixe, etc), e não como acompanhamento de um prato cheio de molho, como acontece na Índia.

Rice and curry – hit local e meu preferido. Como já adiantei no outro post, é a mistura de uma tigelona de arroz com um biscoito frito e pelo menos três outras tigelinhas variadas de legumes/lentilhas/verduras/carnes/peixes/ovo/frutos do mar, tudo bem temperado. Lembra um pouco o Thali indiando, mas sem tanto molho na mistura.

Egg kottu

Kottu – outro hit local, é o pão do roti picotado na chapa e frito com os ingredientes que iriam no recheio. É tão popular que até o miojo daqui tem sabor kottu. Particularmente não gosto muito: ou fica muito seco, ou muito oleoso.

Devilled dishes: não posso opinar porque nunca pedi, mas essa forma de preparar carnes, frango, peixes e frutos do mar aparece em todos os cardápios. Pela cara que as pessoas fazem ao comer, parece bem picante.

Pastries –pessoal do Ceilão adora um salgado/pão doce, e tem para todos os gostos: assado, frito, vegetariano, com frango, com peixe, açucarado, recheado com geleia… Sentar na padaria e pedir um prato de salgados é praticamente uma entidade nacional.

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Egg hopper

Hoppers – uma massa feita com farinha de arroz e coco, pode vir no formato de uma cestinha frita em panela wok ou como macarrão tipo miojo, o hopper strings. A cestinha é popular no café da manhã com um ovo dentro, como o da foto ao lado.

Coco amarelo – democracia em forma de fruta. Em todo lugar do Sri Lanka, das moradas mais abastadas às taperas de chão batido, lá está ele para aliviar uma tarde de calor pesado. E depois de beber água docinha, o tcham é raspar a deliciosa gelatina branca do recheio. Dois em um e melhor impossível para segurar as economias mochilísticas.

p.s.: quase quatro meses depois, nenhuma comida me derrubou. Pensando hoje sobre o assunto, concluí que a conversão definitiva ao vegetarianismo logo no início da viagem deve ter colaborado para esse resultado. A procedência das carnes, imagino, é bem mais difícil de acompanhar.