Mundopress
Publicado; 31/05/2014 Arquivado em: Pré-viagem 6 ComentáriosMas gente, não é que fomos parar na rádio? O pessoal da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) me achou lá nos confins do Laos para saber como a tecnologia está ajudado nesta viagem.
E confirmando a máxima de que jornalista não sabe dar entrevista, fiquei tão nervosa que esqueci de falar do abençoado Google Maps, aplicativo mais acessado por esta adicta incurável em localizações e mapas.
O programa #PontoComPontoBR que foi ao ar nesta semana tem cerca de uma hora, e pode ser acessado na íntegra clicando aqui. Minha participação está em algum lugar entre os minutos 9’45” e 14′.
Para quem quiser ver essa carinha sorridente e suada na gravação meio cortada via Hangout (vai Laos!), o link é este aqui.
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p.s.: como bem lembra o querido Anderson na abertura da sonora, para quem não sabe, a EBC foi a última parada profissional antes desta mochilada. Foram três anos na companhia de gente engajadíssima na produção de conteúdo público de qualidade, conceito que sempre me inspirou muito. Um grande abraço em todos que seguem nessa empreitada!
Epílogo
Publicado; 27/05/2014 Arquivado em: Laos 18 ComentáriosEssa foi daquelas vezes de seguir porque precisava, mas podia ficar. Mais dias, mais semanas, não sei ao certo, porque o tempo ali não é desse como conhecemos, de valor agregado. Os dias passam como uma grande esteira de acontecimentos em repeat. “O ônibus não veio hoje? Amanhã ele vem”. Na rotina absurdamente alargada entre um balanço de rede e outro, cabe tanta coisa que inclusive cabe nada. E o nada, derivante primeiro da tranquilidade e da paz de espírito, é maravilhoso.
Eu já sabia que o Laos seria diferente. Senti uma empolgação pré-fronteira que andava sumida, mesmo que até ali soubesse pouco além do governo comunista, da não-saída para o mar, da ex-colônia francesa de baguetes, dos conflitos recentes.
Foi só chegando lá que descobri o karaokê ainda na moda, a beerlao, o laap (versão veg, claro). Os banhos coletivos na rua. Os funerais-festa. As bombas que explodem sem guerra. A natureza que é mais regra que exceção. A habilidade de passar mais dias em estradas e rios que propriamente em algum lugar. A capital nacional que sequer tem um prédio de cinco andares, sequer uma sala de cinema. A simplicidade rural politizada que sabe não ser miséria nem ignorância. A não-ganância. O avexo do desenvolvimento industrial/capitalista, que quase desistiu de ir porque não foi convidado.
No Laos aparentemente todo mundo está feliz assim. Fui feliz eu também.
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p.s.: já no Cambodia, tentando me impressionar com Angkor. Acho que amanhã consigo!
Kong Lor
Publicado; 23/05/2014 Arquivado em: Laos | Tags: Kong Lor Cave 2 ComentáriosEu já estava rendida. Há muito elegi o Laos top destino belezas naturais (e olha que venho do mesmo país do Jorge Ben).
Mas não satisfeito com os rios de toda gama de cores; não satisfeito com as cachoeiras e lagos cênicos em azul turquesa; não satisfeito com as incríveis formações rochosas calcárias, que despontam das planícies em contornos inusitados; não satisfeito com a infinidade de verde preponderante; o Laos foi além.
Não que o país deixe a desejar no quesito cavernas – elas são muitas e estão por toda parte. Mas existe uma que demanda atenção especial. O lugar que pagou cada hora extra em estradas poeirentas, cada chacoalhada em tuktuk.
Um quilômetro separa a microvila homônima do parque nacional. Mal cheguei e me surpreendi com o rio esmeralda que sai da boca de pedra, tão cristalino que dá para ver tudo que os peixes aprontam ali embaixo. O barqueiro esperava lá perto.
Barqueiro, porque a caverna só pode ser explorada assim. São cerca de sete quilômetros de escuridão em galerias enormes, uma minimaratona subterrânea percorrida pelo tal rio esmeralda de cabo a rabo. Se você gosta de cavernas mas não é muito fã de suadeira nem de aperto claustrofóbico, Kong Lor é o seu lugar.
Me senti personagem de Julio Verne entrando naquele mundo desconhecido. O dia brilhante deu lugar à escuridão fresca e úmida, cortada apenas pelas nossas lanternas e pelo barulho do motor do barco.
Alguns minutos depois, as pupilas ainda arregaladas pela falta de luz, o barqueiro pára e pede para descer. Vai até uma caixa, e do breu total brota uma floresta de estalactites e de estalagmites. Estrategicamente iluminadas, elas são facilmente acessadas a pé, algumas com mais de metro de diâmetro.
De volta ao rio, seguimos caminho caverna adentro. O barqueiro ri das minhas exclamações em voz alta, aparentemente acostumado com esse tipo de reação. Cerca de uma hora depois, as paredes mudam do negro para o cinza. Chegamos do outro lado, onde a boca de luz abre novamente para receber o rio.
Já no caminho de volta, apagamos as lanternas e fabricamos um grande nada com barulho de água corrente. A sensação não é de estar em um útero, como já experimentei em andanças pelas cavernas brasileiras, e sim flutuando no grande vazio universal.
p.s.: Dizem que as cavernas do Vietnã são ainda mais impressionantes. A conferir.
Senta
Publicado; 21/05/2014 Arquivado em: Laos 4 ComentáriosEsses dias mencionei aqui como a história recente do Laos vem mexendo comigo. Hoje é dia de falar mais disso.
A Segunda Guerra Mundial terminou em 1945 com dois caroços entalados na goela: a Guerra Fria e o futuro das colônias tardias na África e na Ásia. Com pouco mais de 1 milhão de habitantes na época, grande parte iletrados ocupando a área rural, quis o destino que o Laos sofresse os efeitos das duas coisas, seguida e interligadamente. Resultado: 30 anos extras de crueldades e de chagas sociais que custam a curar.
Fracassados os esforços para tentar segurar a colônia, a França desocupou o Laos em 1953, não sem antes deixar um rastro de sangue. Longe de selar a paz, o evento abriu portas para um futuro ainda pior. O poder monárquico instalado encontrou resistência de comunistas influenciados pelos vizinhos Vietnã e China. Foi o suficiente para atrair a atenção e a antipatia dos Estados Unidos, então obcecados contra a expansão vermelha na Ásia. Com o respaldo do governo local, os EUA viraram sua artilharia para as áreas montanhosas ao leste do Laos. Tinham até sua própria base aérea escondia por lá, de onde saiam missões a cada oito minutos nos períodos mais movimentados.
Mas enquanto a Guerra do Vietnã comia solta na televisão, no supostamente neutro Laos tudo era segredo (devidamente encoberto pelos simpatizantes do status quo). Segundo consta, o país tornou-se o mais bombardeado per capita do mundo entre as décadas de 1960 e 1970.
O fracasso americano no Vietnã desencadeou a suposta paz civil no Laos logo em seguida. Os comunistas declararam a revolução em 1975 e permanecem até hoje no poder. A guerra acabou, mas o ritmo rural do Laos, onde o tempo corre em outro passo, trouxe mudanças pouco expressivas nos últimos 40 anos.
Exposições e documentários lembram que explosivos hibernantes ainda matam e aleijam, alguns casos por acidente, outros porque miseráveis procuram metal para vender a preço de ouro. O banco da pousada, a cerca do restaurante, o barco, são cascas de bombas adaptadas. A moda local tem fortes referências militares (demorou até entender que aqueles camuflados na rua eram civis). O prazer de explorar a deslumbrante natureza vira certa apreensão quando uma equipe anti-bomba aparece para limpar a área. Dá um nó na garganta ver enormes buracos redondos enfiados entre campos verdejantes e imaginar como aquilo foi parar ali. Se tinha alguma casa, se alguém morreu. Se o cenário parecia com os desenhos hoje expostos no museu, cheios de tinta vermelha e de cabeças degoladas.
As pessoas do Laos são amigáveis, mas carregam um quê de sofrimento e de cansaço ainda fresco. Um rapaz me conta que seu pai escolheu o lado errado e lutou com os Estados Unidos na época. Pergunto se é verdade o que vi em um documentário – que o governo persegue e mata esses clãs até hoje como retaliação. Ele dá um sorriso amarelo, faz que não com a cabeça e desconversa, mas os campos de refugiados na Tailândia aparentemente dizem o contrário.
Em outro documentário, uma senhora contava aos prantos que os habitantes do Laos foram massacrados por um inimigo que sequer conheciam, nem antes nem durante o conflito, quando só choviam bombas do céu. Outro dia fiquei confusa ao ver um senhor usando boné com a bandeira dos Estados Unidos.
Autodeclarado o mais pobre do Sudeste Asiático, hoje o país recebe ajuda financeira de várias potências econômicas e organizações, com parcerias amplamente divulgadas em placas e cartazes.
Escaldada com as maldades do mundo, me pergunto se é caso de devida culpa passada ou de escusos objetivos futuros. O povo do Laos não merece mais sofrimento.
Compêndio – Transporte no Laos
Publicado; 19/05/2014 Arquivado em: Laos 9 ComentáriosCena 1
Meu primeiro ônibus no país. O tíquete comprado na agência em Luang Prabang ia até Phongsali, no extremo norte. Cerca de 14 horas de viagem sem troca de ônibus, saindo da rodoviária às 16h30, disse a moça. “Nossa, nem sei porque tanta gente reclama do transporte aqui, tudo tão fácil!”. Ela riu.
Passam 17h30, 18h30, 19h30, leio livro, jogo Candy Crush, nada. Perto de fechar a bilheteria, o tiqueteiro coça a cabeça e sugere que eu me junte aos locais na mesma situação, pegando ônibus até Oudomxay, no meio do caminho.
– E ninguém sabe onde está o ônibus atrasado? O motorista não tem celular?
– (faz não com a cabeça)
– Mas que hora esse outro ônibus chega em Oudomxay?
– (faz 2 com a mão e mímica de dormir)
– E que horas sai o próximo ônibus de lá até Phongsali?
– (faz 9 com a mão)
– Ah.
Já vou passar a noite em uma rodoviária desconhecida no interior do Laos, sou a única ocidental, e ainda percebo um valor menor na devolução do dinheiro. Parece que uma parte ficou com a agente de turismo sorridente.
Às 2h30, saltamos na tarantinesca rodoviária de Oudomxay. Quando afofava a tralha para dormir em cima, uma buzina reverberou ao longe. Era o suposto ônibus direto das 16h30 passando à toda (mas isso só soube depois). Num salto, fiz como os locais e disparei gritando na rodovia escura, já sem saber se o mais trambolho era eu ou a mochila. Cheguei em Phongsali na tarde seguinte, 8 horas depois do previsto. Mas deu tudo certo.
Cena 2
O objetivo era pegar um ônibus em Phongsali e chegar ao porto fluvial de Hat Sa. “O que pode dar errado em 21 quilômetros?”, pensei. Juntamente com outros moradores locais, quatro turistas aguardávamos o dito ônibus desde às 7h15. Era para sair às 8h, mas já passava das 9h15. De repente a rodoviária esvazia, o guichê de tíquetes fecha, e quando nos damos conta, sobramos os quatro forasteiros na festa segurando a vassoura. Tentamos parar o tiqueteiro, que saía de fininho com toalha de banho e escova de dentes na mão.
– Mas o que está acontecendo?
– (faz não com a cabeça, aponta para a rodoviária)
– Não vai ter ônibus? Pode ter ônibus mas você não sabe?
– (confuso, abre caminho na nossa barricada e continua andando).
A chinesa do grupo consegue parar uma caminhonete que passava pela estrada, felizmente dirigida por chineses (eles estão construindo uma hidrelétrica na região). Segundos depois, descolamos carona na carroceria. Chacoalhamos uma hora na lama, que ficou toda na cara e na roupa. Do suposto ônibus nunca tivemos notícia. Mas deu tudo certo.
Cena 3
Disse o livro que sair de Sam Neua, no leste do Laos. e chegar à cidade turística de Vieng Xai, a 30 quilômetros dali, é moleza. Consta que tem transporte público às 10h, 11h e 13h. Cheguei na rodoviária às 9h50. “Why are you so late?”, disse o tiqueteiro, mal disfarçando a graça com a minha desgraça. O único ônibus do dia havia saído há cinco minutos.
– Mas não é possível, o livro falava todos esses horários!!!…
– As coisas mudam toda hora no Laos.
– Ah.
Comecei um cabo de guerra com um dos motoristas de tuk tuk que estava na animada jogatina regada a laolao (a cachaça daqui). Usando o sádico tiqueteiro de intérprete e minha melhor cara de gato de botas, consegui uns 30% de desconto. Ainda assim, fui surrupiada em mais de 22 vezes o preço da corrida normal. Mas deu tudo certo.
Cena 4
Não consigo dirigir moto. Logo, decidi fazer 30 quilômetros de Phonsavan até a antiga capital provincial de Muang Khoun de bicicleta.
– Mas só se tiver como voltar de transporte coletivo com a bicicleta no teto, moço. Tem jeito? Já fiz isso na Tailândia…
– Sim, pode ir tranquila, fazem isso sim, garantiu o oficial de turismo.
Na pior das hipóteses, sabia que podia apelar para um tuk tuk privado como da outra vez narrada na história acima. Até porque o surrupiamento do Laos é muito melhor que o melhor dos descontos no Brasil.
Chegando em Muang Khoun, nada de transporte, público nem privado. Começo o caminho de volta à toda correndo da noite e da tempestade que se aproximavam. Dez quilômetros depois, já entrevada pelo conjunto da obra, apelei para uma família que descarregava sacos na beira da estrada. Vim segurando a bicicleta rodeada de relâmpagos e de sacolas de broto de bambu. Mas deu tudo certo.
Foto
Publicado; 15/05/2014 Arquivado em: Laos 9 ComentáriosAo contrário do que possa parecer, essa foto não estava pronta para ser tirada. Essas meninas não estavam posicionadas assim, “venha turista”, esperando que eu apontasse a máquina.
Essa foto não teria acontecido se eu não estivesse viajando do meu jeito, sozinha e com tempo para sair do circuito turístico usual. Se eu não tivesse acordado em um dia bom, dispensando o tour de carro e achando que tinha condições de pedalar 60 quilômetros ida e volta para o interior do interior do Laos. Não era apenas economia, era ter tempo sem um guia me importunando. Não era apenas disposição, mas a inabilidade de pilotar uma moto.
Essa foto não teria acontecido se eu não estivesse exaurida, carregando a bicicleta no empuxe, bem na hora da saída da escola. Se a vila não fosse pequena o suficiente para malemá saber o que é turista. Se o fluxo de centenas de rostinhos que passavam por mim não estivessem transmitindo tanta esperança em um mundo melhor que deu até vontade de chorar. Se, talvez percebendo meus olhos cheios d’água, um grupo de meninas curiosas não tivesse começado a caminhar na minha volta entre risinhos tímidos. Se não estivéssemos indo para a mesma direção.
Não teria acontecido se eu não fosse péssima em mímica, e elas ótimas em rir. Se não tivesse uma máquina modernosa de câmera reversa que permite ver como vai sair a foto, e quantas tiramos juntas. Se elas não se deixassem fotografar sozinhas e saíssem correndo, como tanto vi acontecer com turistas afoitos por aqui.
Essa é a história dessa foto.
p.s.: aos que apostaram contra a pedalada de 60 quilômetros, estão cobertos de razão. Fomos rebocadas no meio do caminho de volta, eu e bicicleta, confiantes na boa vontade de uma família local que passava de caminhonete.
Laotizando
Publicado; 10/05/2014 Arquivado em: Laos Deixe um comentárioPassa de meia noite. Escrevo esse post de um vilarejo incrustado entre escarpas calcárias gigantes no norte do Laos. Na casa bem ao lado, caixas de som ecoam desde manhã uma mistura de canto tradicional, sino, pandeiro e rabeca rústica. A rua, fechada com tendas, mesas e comida, reúne gente em frente a uma casinha de boneca com luzes e dinheiro pendurados. Vibram e batem palmas a cada final de repente berrado ao microfone. Tudo que consegui apurar é que se trata do evento fúnebre póstumo de um querido pai.
É esse país que vem me enredando nos últimos dias, entre encantos e desenganos. Exceto pelos olhos amendoados, o Laos, melhor dizendo, Lao PDR (People’s Democratic Republic, após a adoção do comunismo em 1975), em nada lembra os vizinhos visitados até aqui. O deslumbre acentuado da natureza e da diversidade étnica batem de frente com a indigesta história política recente de mortes e de miséria humana. Meu coração fica entre derretido e estilhaçado a cada nova investida na cultura local.
Não sei o que mais me pegou até agora.
Se o clima interiorzão do Brasil, de economia essencialmente rural (a maioria dos industrializados vem do Vietnã e da China).
Se o relance de sombra a cada “saibadee” (o oi daqui), resultado de um século de guerras e de tensões políticas que ainda se manifestam em assassinatos e explosões de bombas hibernantes.
Se o povo dócil e festeiro apesar de tudo, ainda não descaracterizado por invasões turísticas. Do tipo que adora um churrasquinho embalado a karaokê e convida para brindar o aniversário com uma BeerLao (servida com gelo).
Se a diversidade que junta maioria budista, culturas tribais, herança vietnamita e chinesa e toque colonial francês.
Se o clima de temperaturas mais amenas e chuvas diárias (que dirá depois da experiência forno-humano na Tailândia e em Mianmar).
Se a natureza padrão super deluxe plus, especialmente exuberante a bordo dos majestosos rios Mekong e Nam Ou.
Se a beleza mágica da antiga capital real Luang Prabang, patrimônio tombado pela Unesco.
Passa de duas da manhã. Cansado de tanta barulheira, o pai mandou um vendaval para acabar com a festa.
Gatinhas do norte
Publicado; 03/05/2014 Arquivado em: Tailândia | Tags: Chiang Mai, Chiang Rai, Pai Deixe um comentárioDepois do tratamento de choque em Bangkok para acordar da bucólica Mianmar, 15 horas de trem levaram ao norte da Tailândia, ainda inexplorado por aqui.
Relatos de outros viajantes indicavam que o país pode ser dividido em dois: o sul das ilhas ensolaradas e vocação hedonista; o norte verde-montanhoso de alguma herança cultural e ecológica. Entusiastas garantiam preços mais camaradas e gente mais amigável (no sul, sorrisos só de quem não vive do turismo).
Em um passado não muito distante, o norte da Tailândia era um estado tributário independente, autonomia ainda sentida na língua e costumes próprios. Alardeiam a presença de minorias étnicas embrenhadas na mata montanhosa, algumas com origem nas vizinhas China e Mianmar. Mas não espere uma terra misteriosa e esquecida: como no resto do país, aqui também está cheio de turistas. A boa notícia é que dá para cortar boa parte deles cada quilômetro vilinhas adentro.
Chiang Mai é o pólo regional, o passado medieval lembrado apenas pelo muro em ruínas que cerca a cidade velha (que já é nova). A renomada universidade local atrai jovenzinhos em scooters que povoam bares esparramados pelas calçadas, cafés wifi e mercadinhos hipsters. O vizinho Parque Nacional Doi Suthep-Pui, abundante em verde, templos, cachoeiras e vistas panorâmicas, é um escape a temperaturas mais amenas (a cênica estrada até o topo um hit entre motociclistas). Sem moto? Espere uma bem-vinda carona a cada curva.
Suposta Campos do Jordão dessas bandas, a fama de Pai decolou mesmo depois de um filme romântico rodado ali. A sensação é de que a cidadica de 3 mil habitantes tem menos moradores que turistas, estes interessados em nada mais complicado que flanar pelas ruas sossegadas ou tomar banho de piscina/cachoeira. Só não ouse incomodar as minorias étnicas em trekkings pela região – e sair com a impressão de invadir a casa alheia sem ser chamado.
Chiang Rai seria apenas a priminha quero-ser-Chiang Mai e plano B para quem não cansou de natureza, não fosse um detalhe muito peculiar. Alguém ali resolveu investir nos artistas locais, e os resultados são o Templo Branco e a Casa Negra, uma rajada de frescor artístico contra o mais do mesmo. Valeram cada hora de bicicletada no sol quente.
A partir de hoje, Mundolândia vai para o Laos, ansiosa por heranças de guerra e baguetes.
Seis razões para amar Bangkok
Publicado; 02/05/2014 Arquivado em: Tailândia | Tags: Bangkok 4 ComentáriosParece desenho animado, exagerada em tudo. Mas Bangkok esconde outros encantos não tão óbvios. Depois da terceira passagem por lá, eis alguns da minha seleção pessoal:
1) Diferente tipo igual
A capital tem presença maciça de ladyboys (travestis) e de casais formados por idosos ocidentais e jovens tailandesas. O
mais legal é conviver diariamente com essas opções no metrô e no caixa do supermercado, um exercício de neutralidade recomendado a todos (inclusive os que se consideram neutros).
2) Bangoquinha paz e amor
O que é o que é: parece São Paulo, é grande, doida e legal como São Paulo, mas não precisa andar na rua com medo de ser assaltado e de morrer? Sim, ela mesma.
3) Curtas
Aqui as moças locais e farangs (estrangeiras) podem andar praticamente peladas que ninguém nem tchum (e olha que fiquei de gaiata observando as reações masculinas com as sainhas-micro passando lá e cá). Nenhuma olhada intimidadora, nenhum fiu fiu para contar história. Vulgo paraíso na Terra.
4) Taxis-banana
Precisa se locomover e está longe do trem aéreo/metrô? Pegue um taxi rosa-choque novinho com ar condicionado bombando e não caia para trás quando, depois de 30 minutos, a conta der R$ 6 (exija taxímetro).
5) Password?
Até as biboquinhas cobertas de lona rasgada têm conexão gratuita em alta velocidade (e pode usar horas com uma água na conta). Mas se nem a água quiser pagar, as maiores companhias telefônicas oferecem wifi de graça nas principais áreas da cidade.
6) Café de rua (essa mais para Tailândia que para Bangkok)
Aqui o café e suas variações leitosas, além das opções ice ou frapê, são considerados streetfood. Sabe a estrutura da barraquinha de cachorro quente? Vai ver tem café lá. <3