Epílogo
Publicado; 27/05/2014 Arquivado em: Laos 18 ComentáriosEssa foi daquelas vezes de seguir porque precisava, mas podia ficar. Mais dias, mais semanas, não sei ao certo, porque o tempo ali não é desse como conhecemos, de valor agregado. Os dias passam como uma grande esteira de acontecimentos em repeat. “O ônibus não veio hoje? Amanhã ele vem”. Na rotina absurdamente alargada entre um balanço de rede e outro, cabe tanta coisa que inclusive cabe nada. E o nada, derivante primeiro da tranquilidade e da paz de espírito, é maravilhoso.
Eu já sabia que o Laos seria diferente. Senti uma empolgação pré-fronteira que andava sumida, mesmo que até ali soubesse pouco além do governo comunista, da não-saída para o mar, da ex-colônia francesa de baguetes, dos conflitos recentes.
Foi só chegando lá que descobri o karaokê ainda na moda, a beerlao, o laap (versão veg, claro). Os banhos coletivos na rua. Os funerais-festa. As bombas que explodem sem guerra. A natureza que é mais regra que exceção. A habilidade de passar mais dias em estradas e rios que propriamente em algum lugar. A capital nacional que sequer tem um prédio de cinco andares, sequer uma sala de cinema. A simplicidade rural politizada que sabe não ser miséria nem ignorância. A não-ganância. O avexo do desenvolvimento industrial/capitalista, que quase desistiu de ir porque não foi convidado.
No Laos aparentemente todo mundo está feliz assim. Fui feliz eu também.
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p.s.: já no Cambodia, tentando me impressionar com Angkor. Acho que amanhã consigo!