TAJ TAJ TAJ

Nesses 20 e tantos anos, posso dizer que já tive a sorte (às vezes o azar) de me apaixonar algumas vezes. Mas hoje as coisas chegaram a um novo estágio entre os envolvimentos emocionais possíveis e impossíveis. Pela primeira vez senti palpitações românticas por um lugar, e o responsável foi o irresistível Taj Mahal.

Mesmo com toda pompa que ronda seu status de maravilha arquitetônica mundial, nunca tive muito interesse por ele (tenho certo preconceito com mausoléus). Mas quando o vi de longe, reluzindo sua brancura suave entre as formas escuras do primeiro portal do complexo, fui tomada por reações piegas que só cabem nos amores à primeira vista.

Já me comovi em certos lugares pelo significado e pela história que eles trazem, mas essa é a primeira vez que sinto um arroubo estético por uma fachada. Pelas cinco horas seguintes, não consegui tirar os olhos das formas curvas em mármore branco decorado com finos desenhos em pedras semipreciosas.

Me perguntei se os arquitetos tinham plena ciência de que estavam dando vida ao paradoxo impossível entre o grandioso e o delicado, ou se no final ficaram tão maravilhados quanto todos nós. Mais verossímil seria se tivesse uma placa do lado explicando que o layout veio descarregado diretamente do céu, cenário de fundo onde o Taj fica tão bem integrado.

Passei o dia perambulando por todos os lados, e a cada novo ângulo, um novo baque. “Mas como pode isso agora se ali atrás já estava perfeito?”. E mais uma foto. E mais centenas de fotos, justamente eu, tão econômica com imagens. Mas que fique claro, nenhuma capaz de repassar o que é estar com ele ao vivo, envolvido na leve bruma do rio Yamuna neste fim de tarde de outono. (suspiro).

E a despedida? Fiquei com dor no coração, DOR NO CORAÇÃO, por precisar ir embora (mais tarde soube que essa reação é comum em várias pessoas, menos mal). Adiei enquanto pude, pensando se poderia ter um jeito de quem sabe voltar amanhã, quem sabe ficar um pouco mais, quem sabe alguma solução para que aquilo fosse só um até breve.

Quando vierem, lembrem-se de mim, que eu volto também.