Índia para os fortes

Comemorando com os sikhs

Comemorando com os sikhs

Fui atropelada por Amritsar.

Cidade mais pulsante do Punjab, ela consegue ser uma Índia ainda mais frenética. Língua, música, estilo e cultura são próprios da região, com um quê meio árabe, quem sabe lembrando que o Paquistão está logo ali do lado. Desavisada, minha energia foi para o ralo sem chance de defesa.

A cidade é a casa do incrível Templo Dourado e capital espiritual da religião sikh. A crença surgiu no Século 15, pregando a fé em um Deus único e nos ensinamentos professados por seus gurus. Sabe aqueles homens de olhar incisivo, turbante, barba e bracelete prateado, às vezes com uma faca ou espada pendurados na cintura? São os sikhs. No museu local, a vocação marcial é explicada em centenas de pinturas sanguinolentas que retratam mártires e heróis encrencados por não abdicarem de suas crenças.

Um dos maiores pilares da fé sikh, a igualdade entre os seres humanos tem sua maior síntese nas enormes cozinhas dos templos. Elas servem gratuitamente todos aqueles dispostos a se sentarem no chão, dividindo fileiras com esfarrapados e donos de celulares de última geração. Daquelas coisas que não tem como explicar, só se unindo aos milhares que passam por ali todos os dias para entender.

Além da enorme carga religiosa que atrai fieis de todas as partes do mundo (ou até por causa disso), Amritsar é um caldeirão de gente que empurra, que esbarra, que buzina, que pedala, que vende e que cozinha no meio das ruas sem calçadas. É o caos no caos, e nem as noites são poupadas.

Para convulsionar ainda mais, cheguei no meio de um evento adorado pelos hindus, o Diwali. O Festival das Luzes também tem um sentido especial para os sikhs, que se amontoaram no Templo Dourado no último domingo para ver a queima de fogos. Os estouros começaram às 18h30 e terminaram madrugada adentro pelas ruas da cidade, como se Amritsar já não fosse o bastante.