Balada indiana, mas não

Para quem achava que este blog estava sacro demais, finalmente algo profano sobre a Índia. Ou sobre Goa, a não India. Trata-se do primeiro escape depois de dois meses de peregrinação introspectiva, em uma madrugada notória com os russos. Sim, os russos.

Em algum tempo indeterminado nas últimas décadas eles descobriram a Bahia indiana e hoje mandam por aqui, acelerando suas scooters para cima e para baixo com os cabelos loiros platinados ao vento. Se esparramam pela areia em trajes mínimos – às vezes nenhum traje, o que pouco importa desde que contiuem jorrando rublos. Aqui todos os comerciantes e ambulantes falam russo, e os cardápios estão em russo. A balada, dos russos também.

Não sabia dessa última parte até chegar lá, o paraíso dos fanfarrões do norte. Mulheres não pagavam e podiam beber de graça a noite toda, homens o mesmo desembolsando 32 reais.

Enfileirados na estradinha para o incrível casarão a céu aberto emanando laser e música eletrônica, carros ansiosos se amontoavam. Enfileirados no bar, homens berravam a língua já enrolada por natureza, virando copo atrás de copo, os gestos desmedidos derrubando álcool por toda parte.

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Mulheres frenéticas na pista exibiam vestidos colados, ressaltando o bronzeado recém adquirido. Logo menos, homens de cueca pulavam na piscina, seguidos pelas australianas, que definitivamente não ficam atrás. Como diria o inglês que tentava seguir o ritmo, “they are party monsters”.

O clima festivo a la Rússia atropelou os poucos indianos que encontrei, muito embora eles mesmos, provavelmente, estejam perdidos por ali até agora. Um casal local virando os olhos tentava se manter de pé. Outros, maravilhados com o flash de liberdade sem freios, tentavam a sorte com russas cambaleantes no fim da festa.

Isso também é a Índia, afinal.