Mianmar, breve introdução
Publicado; 20/04/2014 Arquivado em: Mianmar 2 ComentáriosO bom de a viagem acontecer só agora é que, fosse há cinco anos, Mianmar estaria fora da lista. Depois da independencia dos ingleses em 1948 e breve período de governo civil, os militares chegaram ao poder em 1962 e fizeram uma série de intervenções pouco afeitas ao espírito democrático e ao desenvolvimento do país. Lá estão meio que até agora – mas pelo menos sob a alcunha civil após eleições convocadas em 2010 e aparente processo de pacificação e de abertura política.
Hoje Mianmar é indiscutivelmente um destino turístico (1 milhão de visitantes por ano, segundo orgãos oficiais), mas longe considerar que tudo reine na mais santa paz. Um amigo recém-egresso de um programa humanitário em Rakhine, no noroeste, conta que o conflito entre budistas e muçulmanos deixou centenas de mortos e milhares de desabrigados em três anos. Em outubro último, um atentado a bomba no quarto de famoso hotel em Yangon deixou uma americana ferida. O motorista do taxi avisa que, em uma cidade próxima dali, a “briga” está feia. Passagens de onibus entre Mandalay e a fronteira com a Tailandia em Tachileik são altamente desaconselhadas por agentes de turismo – “dangerous, not good”.
Sinceramente? Na bolha dos destinos turísticos evidentemente bombados pelo governo e pelas agências locais (estive em Yangon, Mandalay e arredores, Pyin Oo Lwin, Inle Lake, Bagan, Hpa-An) nenhum resquício aparente de animosidade. Aos olhos dos turistas, Mianmar está mais para queridinha entre os países exóticos-intocados que para um destino perigoso a ser evitado.
Intocado, pero no mucho. Blogs que alertavam para falta de ATMs e internet no ano passado já estão ultrapassados, e a quantidade de lojinhas com souvenirs impressiona. Os preços sobem na mesma proporção da lotação dos hotéis, enquanto investidores fazem pipocar resorts aqui e ali. Carros caríssimos dos modelos recém-lançados dividem a rua com carroças, todo mundo de celular na mão.
Não fomos poucos os mochileiros que comparamos Mianmar com o que deveria ser a Tailândia de 30, 40 anos atrás, a estrutura meio capenga compensada com folga pela simpatia e hospitalidade genuinamente sentidas em cada troca com os locais. O duro é pressentir que essa realidade deva sucumbir à avalanche de turistas que prometem chegar nos próximos anos, atraídos justamente pela rusticidade e relativa ausência de turistas por ali. Paradoxo complicado de resolver.
********
p.s.: essa série de posts está sendo escrita após a temporada em Mianmar, já de volta a Bangkok. Peço desculpas pelo longo sumiço, mas lá as coisas foram meio corridas; o notebook morreu; a internet existe, mas ainda é lenta; e, diferentemente dos outros países, eu não tinha um SIM local com internet para o celular. E ainda corro sério risco de perder as fotos e vídeos dos últimos seis meses de viagem que estavam no falecido HD, sem backup. Quer dizer.
p.s.2: olha o mapa da viagem atualizado aqui, gente!
Somos seres humanos em busca do inusitado…..e quando se divulga algo tão exótico a busca por conhecimento é inevitável…rsrsrs seu trabalho será um grande serviço aos viajantes aventureiros!!
Pois é Milva, claro que todo mundo tem o direito de ir conferir com os próprios olhos, só espero que os locais não percam esse jeitinho tão especial e inocente que ainda reina por la. Que não vire uma troca pasteurizada como na parte sul da Tailândia (o norte ainda vou conhecer, mas dizem que é diferente!) bj