Um dia em um ashram hindu
Publicado; 23/10/2013 Arquivado em: Índia | Tags: Ganga Aarti, Parmarth Niketan, Pujya Swamiji 17 ComentáriosO fim da tarde se aproxima na beira do Ganges. Em Rishikesh, mais de 200 quilômetros ao norte de Delhi, as águas recém saídas dos Himalaias passam cristalinas e caudalosas. Os internos do ashram se acomodam na parte de cima da escadaria que dá acesso ao rio, enquanto pessoas de todas as nacionalidades começam a chegar para o ritual diário de saudação ao Ganga. Para os indianos, ele é a manifestação da própria divindade.
Cheguei cedo e consegui um bom lugar, próximo à caixa de som e com visão panorâmica do rio, do por do sol e da cerimônia. Vestidos de laranja, os jovens do ashram entoam os primeiros versos do primeiro mantra, embalados pelos acordes hipnóticos do harmônio, pelo batuque aquoso da tabla e pelo leve timbre de sininhos.
A fogueira das ofertas é acesa, e os indianos se aproximam para participar mais ativamente da cerimônia, enquanto os estrangeiros se dividem entre tirar milhares de fotos e observar tudo atentamente. O sol se esconde entre a neblina das montanhas do outro lado do rio.
Já na segunda metade do Ganga Aarti, todos de pé: o guru do ashram aponta na escadaria. A presença magnética é reforçada pela vasta cabeleira e o manto laranja. O olhar dele cruza com o meu, e temo ter questões mundanas demais em mente quando ele passa rápido pelos meus pensamentos.
O Swamiji começa um novo mantra, e a voz firme e límpida preenche todo o espaço. Fechar os olhos e ouvi-lo entoando o Hare Krishna é sentir uma forte conexão com o universo, independentemente de crenças. Todas as religiões são bem vindas aqui, inclusive nenhuma delas.