Copa no Vietnã

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Ali só queria mesmo era andar sem derrubar alguém ou uma loja inteira. Em Binh Tay, mercado de atacado na Chinatown de Saigon, as mercadorias pulam em cascatas dos ganchos e das prateleiras, quando não empilhadas em torres tortas pelos corredores.

Passando pelo setor das roupas, um amarelo canarinho brilhou ao longe, covardia com essa viajante expatriada em tempos de Copa. Paguei 10 reais achando que era a camiseta, fui ver era o uniforme completo (e vou usar até calção azul se esse negócio for para frente, ah vou). Fiquei ansiosa, vesti a camisa ali mesmo. Um novo Vietnã apareceu.

Não que as pessoas já não fossem simpáticas, elas geralmente são. Mas agora mexem comigo na rua o tempo inteiro. De quase incompreensíveis Braxin Braxin dos vendedores na calçada a gritos de I LOVE BRAXIIIIIIN do ciclista que passa voando pela rua.

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Eles só pensam… naquilo

Pedem para tirar foto, mas não se conformam com o fato de eu estar aqui e a Copa aí. Esses dias levei o maior sabão de um mototaxista. “Se eu tivesse qualquer dinheiro na vida iria para o Brasil ver a Copa, e você tem a Copa na sua casa e está fazendo o que aqui?”. Glup.

Eles acham que somos demais, os melhores do mundo, esperam realmente que a gente ganhe. Até onde reparei, os vietnamitas não vestem outra camiseta de seleção que não a nossa.

O país que nunca jogou uma Copa na vida ama futebol e está enlouquecido como se estivesse representado aí. Os bares exibem os jogos de madrugada. Lojas, hotéis e restaurantes aumentam sua carga kitsch com chamativas tabelas pregadas com durex nas paredes, cuidadosamente atualizadas com os resultados de cada jogo. O guia do passeio não teve a mínima vergonha de admitir que passou o dia inteiro com sono porque ficou assistindo futebol até tarde.

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A camisa amarela lavo toda noite e uso no dia seguinte, até acabar. E assim está sendo minha Copa longe da Copa das Copas.